domingo, 31 de outubro de 2010

Debaixo dos caracóis dos seus cabelos...

Sempre adiei o dia de cortar o cabelinho do Arthur. Pela mais convicta insegurança. Ele já cresce rápido demais...cortar o cabelo seria como atribuir-lhe uma alforria precoce, votos de uma independência q me contraria e amedronta. Uma bobagem, de fato. Arthur já se aventura nas ruas, escadas, ao redor do fogão, puxando fios e descobrindo tomadas com as coragem e impetuosidade de uma gente grande, gente q prescinde da barra da saia da mamãe...mas, os cachinhos...ah, os cachinhos me garantiam a certeza (débil) de q ele ainda era pequenininho, de q ele não iria crescer tão cedo. Ornando aquele rostinho de anjo, os caracóis despretensiosos me diziam q ele dependia de mim para tudo. E isso me dava uma sensação de utilidade, a crença de ter descoberto a q vim ao mundo!
Mas, os cachinhos me traíram e começaram a alcançar os olhinhos do pequeno. O volume já estava além da conta, tbm. Então, com o coração na mão, como diria minha mãe, peguei a tesoura (demonstrando bravura a mim mesma) e cortei os caracóis...ele, muito inquieto, se remexia inteiro, balançava a cabeça e tentava descobrir o q se passava.
Qdo terminou, o q restou foi o chumaço q guardei...e o sorriso lindo dele, q, em qq idade, vai continuar sendo o meu bebê.

(Bruna Cordeiro de Alencar)

Jesus, seja o centro...

Ontem, começamos um estudo bíblico em casa. Uma necessidade q há muito sentia e, tbm há muito, postergava.
Foi bom. Muito bom, de fato.
A Bíblia é um livro q me intriga e encanta. Assim como o próprio Deus. Estudamos acerca da história de Jacó, q é herdeiro da promessa. Eu já o conhecia de outras leituras superficiais do Gênesis. E, para mim, Jacó era um fulaninho q havia manipulado o irmão para ficar com a tal bênção da primogenitura, enganado o pai, o sogro...enfim, Jacó era um bom pecador. Ontem, percebi q, sim. Era mesmo um homem cheio de defeitos, vindo de uma família permissiva, pecadora e falha (pra qual Deus prometeu descendentes mais numerosos q as estrelas do céu). Homem igual a mim. Família como a minha!
Minha maior surpresa foi qdo Miriã, minha boa amiga q conduzia o estudo, disse q Deus se relaciona com os seres mais imperfeitos. Ou seja, Deus se relaciona comigo!! Porque quer, porque deseja...
Às vezes, me julgo muito cheia de transgressões, muito defeituosa, ou mesmo, faço dos meus problemas gigantes e me afasto, me distancio. Esquecendo q Ele me sabe e conhece e, ainda assim, me quer por perto, repousando Nele, aceitando Suas ajuda e misericórdia. Esqueço, de vez em qdo, q o centro não sou eu...é Ele.
Agora, devo dizer, me simpatizo com Jacó...homem. Pecador. E almejo, tbm como ele, fazer do Senhor o centro. Colocá-lo em seu merecido lugar.

(Bruna Cordeiro de Alencar)

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

cuidado do Pai.

É bom perceber q, em meio à tanta desilusão q o mundo nos oferece, a mão cuidadosa e certeira de Deus atua.
Na minha vida, muito claramente, Deus fala qdo olho em minha volta e me vejo alvo do carinho verdadeiro e despretensioso de parceiros. Alguns, amigos, outros, conhecidos, todos ferramentas eficientes do amor maior, do amor do Pai. Deus é lindo, dentre tantas outras coisas, pq não nos deixa esquecer q nos ama. 
Olho para o meu bombom branquinho e não posso pensar nada senão como é forte e verdadeira a presença do Criador.
Vejo o sorriso largo e franco da Fifi numa foto e me lembro de uma das primeiras vezes em q me senti realmente próxima Dele. Ela é instrumento da graça assim: sorrindo, nos convidando a entender q a vida tem sentido pelo simples fato de haver vida.
O Leo, meu novo e querido amigo, tem tbm sido um canal de proximidade com o Eterno. Muito bom receber seu abraço caloroso, de inegável verdade q mostra q há amor, muito ainda...
O meu Leo, meu companheiro, meu príncipe e amigo. Razão pela qual meu sorriso é tão presente, razão pela qual minhas preces são constantes agradecimentos. Ele entende meus medos e "bobajadas". Ele me dá conselhos acertados, me estimula e encoraja. Ele, tbm, enxuga as lágrimas de uma decepção. Tem o coração do bem.
Minha mãe amada, minha segurança, meu abrigo, com quem aprendo tanto de ser gente! Como é bom rir com ela! Ouvir a voz rouca se transformando num som de contentamento, apontando para o bom da vida, apontando para ser feliz!
Bina, irmã escolhida. A gente grande da relação...a pequenina do maior coração q existe...
Fernandinha e Marcus, povo querido, povo q me faz rir, me faz pensar e de quem quero estar perto, sempre...
Ah, é gente demais...é gente q conta, é gente q escreve a minha história comigo. Gente enviada pelo céu.
Deus é assim: exuberante. Só oferta o melhor a seus filhos. 
Obrigada por reluzirem a presença Dele em meu caminho.

meu rei Arthur...

A professora do Arthur disse q ele anda muito ciumento, q ela não pode sair de perto dele q começa o chororo. Outro dia, foi levar um coleguinha ao banheiro e, imaginem, teve q levar meu pequeno pela mão, para não haver decepção.
Isso me causou uma dor estranha. Culpa, raiva. Culpa por acreditar q deveria ficar mais próxima a ele, q deveria trabalhar menos (não é por falta de querer!), q deveria ter mais pique e energia para brincar, correr e tal. Raiva por não estar lá, dizendo q ele não precisa ter medo, q ninguém vai abandoná-lo. Acho q, tbm, fiquei triste. Eu me vi no Arthur, me sentindo apreensiva, qdo criança, achando q as pessoas iriam embora, q ninguém iria estar ao meu lado.
Eu era uma criança muito insegura. Isso se reflete na minha vida adulta. Depois q Leo surgiu ( o salvador da pátria!!!), muitas coisas mudaram. Mas, ainda me pego pedindo desculpas por acertos, perdão por erros alheios, exatamente pelo medo de me ver sozinha. E não quero isso para Arthur. Já sofri o suficiente para saber q não posso deixar o meu menino crescer assim.
Todo pai deseja o melhor para seu filho. Por isso, além das medidas pragmáticas, como trabalhar apenas meio período, para ficar com ele em casa, no ano q vem, comecei, desde já, um intenso processo de revisão das minhas virtudes e exaltação das mesmas. Claro q não para desenvolvimento de uma vil e pretensiosa "bruninha", mas, para q Arthur veja, em mim, um exemplo de auto-confiança e firmeza, permitindo q ele se torne forte, corajoso e amado, como seu famoso homônimo, da távola redonda.

(Bruna Cordeiro de Alencar)

terça-feira, 5 de outubro de 2010

cálice...

Existem dias em q tudo o q eu quero é não levantar da cama. Enfiar minha cabeça debaixo do refúgio seguro e certo do cobertor e ficar ali por um bom tempo...
Esta ansiedade, esta angústia, o inconformismo, a inquietude!!! Tudo faz com q carregue um fardo, de qdo em vez, demasiadamente pesado e irritante. Em algumas ocasiões, o q quero é não lidar com gente. Gente errante, de sorrisos debochados, de comentários maldosos, gente. Gente de perguntas bestas, de respostas tolas, de certezas débeis. Gente igual a mim. Em algumas ocasiões, tudo q quero é não lidar comigo.
Bom mesmo seria chutar para bem longe o tal cálice e ver se afastarem, preguiçosos e vadios, os leões diários.

(Bruna Cordeiro de Alencar)

domingo, 3 de outubro de 2010

amizade


A inequívoca existência de Deus é percebida em inúmeras, incontáveis ocasiões.
Ter um amigo, por exemplo, é uma maneira simples e incrível de notar os mimos do céu para conosco.
Eu tenho uma grande amiga. Bina, minha escudeira, meu refúgio, minha irmã, mãe...ela sempre esteve lá por mim, dizendo palavras de conforto, encorajamento e, qdo necessário, puxando minhas orelhas, apontando caminhos mais lúcidos do q os escolhidos por meus impulsos insanos.

Estes dias, tem sido muito recorrente a lembrança dela. Uma saudade! Vontade de tê-la perto. Ouvir sua voz rouca e aveludada cantar O Bêbado e a Equilibrista. Saudade de conversar, ou, às vezes, me calar, pq ela me sabe e entende o meu silêncio.
De vez em qdo, lembro, com o esboço de um sorriso, as férias, os fins-de-semana, as festas em q estivemos juntas. Fazíamos música, jogávamos vôlei (com a Epiriquidiberta), ficávamos insatisfeitas com o juiz (para ser politicamente correta, não vou reproduzir minha revolta verbal...), estávamos juntas na dor (obrigada por sair correndo de Viçosa, para estar lá comigo, qdo papai morreu) e na bonança (obrigada por voltar à Viçosa, para o batizado de Arthur, madrinha amada).
Todo mundo deveria ter uma Bina. Todo mundo deveria saber o q é se reconhecer em alguém. Todo mundo deveria ter uma alma amiga, fraterna, a quem chamar, de quem sentir falta, por quem nutrir o mais puro sentimento de amizade. Amizade certa como o nascer do sol e duradoura pois vinda do Eterno...

...

Sempre me perguntei o por quê de quem a gente ama ser exatamente quem mais nos causa dor. É certo q há muitas teorias a esse propósito e eu fico com aquela q diz q nós é que permitimos isso. Explico-me: somos nós a atribuir valor às pessoas. Portanto, qto maior o valor emocional destinado a alguém, maior a decepção.
De fato. E nem adianta cultivar a frágil ilusão de q não haverá decepções. Haverá, amigo. E elas vêm com força grande e alta capacidade de causar danos.
Hj é um daqueles dias em q meu coração padece da dor de uma decepção. Vai passar, eu sei. Só queria fazer com q não houvesse acontecido, com q não houvesse ranhuras no q sinto. Lembro a música do Chico q,  lindamente diz de um coração q é um pote até aqui de mágoa...eu não quero a mágoa. Prefiro padecer o imediato a remoer calada uma amargura. Não vou tomar o veneno e desejar q o outro morra.
O jeito é orar. Pedir a Deus - q prescinde dos nossos juízos de valor - q estanque a ferida e permita força e vontade de recomeçar. Recolher cacos eventuais de mim mesma e seguir em frente. Perdoar e amar de novo. Seguir o exemplo difícil e louvável Daquele q nunca errou e oferecer a outra face.

sábado, 2 de outubro de 2010

e se eu cair?

Quem me conhece sabe q tendo a me abater por coisas e pessoas q, muitas vezes, não merecem a importância q atribuo a elas. E por abater quero dizer me deprimir, rever as minhas posturas (por mais corretas q estejam), me questionar e corroer. Alguns rotulam este viés da minha personalidade por síndrome da Maria do Bairro, a eterna sofredora (nem me refiro ao Galo!!!). Eu, porém, trato por auto-sabotagem. É como se acreditasse q, uma vez caída, tudo se agiganta e torna muito mais difícil, quase impossível. E, por isso, o q faço é permanecer ali, envolta a minha renitente miséria, questionando o por quê de ter nascido errada...
Mas, Deus é bom e sabe de todas as coisas. Opera por caminhos misteriosos. Enviou um anjo para me ensinar q tenho feito errado, há 28 anos. Meu bebê tem 1 ano e dois meses. E me mostra, com a propriedade de um experimentado ancião, q quedas são apenas interrupções momentâneas, passageiras de uma jornada q, sim, pode ser retomada.
Depois q começou a andar, Arthur divide seu tempo no início de um projeto (normalmente algo ilegal, no ponto de vista meu e de Leo, como alcançar a escada, pegar uma panela no fogão) e as interrupções - quedas. Algumas delas, dolorosas, q o fazem chorar e até causam feridas - o pequeno já ostenta algumas cicatrizes. Contudo, quedas das quais ele sempre se recupera, mais cedo ou mais tarde e o q mais me ensina: sem rancor ou lamentações.
Claro q guardo as proporções devidas na minha metáfora. Mas, a essência é exatamente esta...sempre haverá quedas, mamãe. O q vc tem q fazer é se levantar e começar de novo...

que beijinho doce que ele tem!

Eu tinha uma mania de acreditar q as crianças eram como papéis em branco, nos quais, aos poucos, íamos armazenando informações. Pelo menos, era assim q eu via Arthur até pouco tempo. Mas, na verdade, sempre aprendendo com ele, notei q não é assim. Eles armazenam seus dados por observação, por repetição de comportamentos, palavras, gestos.
Outro dia, levava Arthur para trocar a fralda e perguntei: fez cocô? Por mero hábito de dialogar com ele. E, qual  não foi minha surpresa ao ver sua cabecinha se movendo de um lado para o outro, num veemente não! Meu príncipe já sabia acenar uma negativa. Restava saber se fazia corretamente uso daquilo. Eis q a fraldinha estava limpa! Sem cocô mesmo...q emocionante! Coisa de mãe...
Contudo, mais emocionante foi a noite em q deitada, observava Leo brincar com ele, no chão do meu quarto. O pequeno deu meia volta, se aproximou de mim e me presenteou com um espontâneo beijo no nariz!!! Ele, q até então apenas jogava beijos ao ar, destinou a mim um molhado, desengonçado e frouxo ósculo infantil!!!! Coisa mais linda! Meu coração de mãe coruja se derreteu frente à gratuidade e franqueza daquele momento...
Que bom! Arthur não é uma folhinha em branco, mas, sim, uma esponjinha, q retrai a menor das atitudes. Fico feliz de q esteja absorvendo que é amado, muito! E q, felizmente, esteja imitando o amor q recebe...