quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Feliz 2012!

A gente sempre faz as listinhas dos desejos para um ano vindouro...acho até bonitinho.
Nos finais de ano, as pessoas se mostram mais frágeis, com vontade de serem mais fortes, se dizem gordas, com intenção de emagrecerem, solitárias, em busca do grande amor...

Essas vontades, com certeza, estão lá, dentro de cada um, o ano inteiro...mas, em meado de dezembro para início do janeiro novinho em folha, tudo ganha uma vazão impressionante! Os sentimentos vêm, muito fortes, pululando nas ondinhas puladas, no louro guardado na carteira, na oferenda dentro de um barquinho (Saravá!), na novena, no santo de cabeça pra baixo...um sincretismo desesperado, urgente e, se olhado de fora, muuuuuito bizarro.

Fato é q, entra ano, sai ano, os desejos podem até mudar...mas, as atitudes! A gente quer ser forte e, frente à primeira adversidade, larga a fé, xinga Deus...a gente quer emagrecer e, ao primeiro sinal de um pavê (e, aqui, cabe a famigerada piadinha do pa vê ou pa comê), esmorece, adia o regime, adota a dieta da xuxa e xuxa tudo pra dentro!!! A gente se vê solitário e vai pra balada...toma um, toma dois, desce no chão, lambe a boca da garrafa e o príncipe e a princesa embriagados nem se reconhecem...vão pra casa com a cuca ou com o boi da cara preta...

A minha listinha de 2012 contém apenas um item: aja diferente. Quer ser forte? Bota o joelho no chão e pede, com fé, com esperança no q não se vê, com certeza de q ouro é forjado em fogo e q as dificuldades  vão lhe moldar. Quer emagrecer? Corta a segunda da folhinha e começa agora. Esquece o panetone, o chocotone, o torrone e qq outro tone e fecha a boca, se mexa! Quer um grande amor? Procura em outro lugar, além de uma garrafa...acredite: se o encontrar em um barril, certamente, alguns originais de fábrica já estarão curtidos demais, desgastados...

E, por último, seja mais otimista! Ser fraco é sinal de humanidade...gordinhos são, até certo ponto, charmosos e interessantes e o amor chega...um dia, ele chega. Tomara q seja em 2012!

Feliz Ano Novo!


terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Um dia...

Ele era um sujeito alto, de pele clara e olhar vago.
Tinha maneiras polidas e emblemáticas, como de militar servil, cheiro misterioso e um sorriso q, em q pese a largura e os belos dentes, expressava aquilo q seu coração inundava: solidão.
Sua altura e o porte atlético inevitavelmente chamavam a atenção de inúmeras mulheres. Tudo isso, porém, passava quase q despercebido para ele e, se percebia, tinha uma quase raiva do destino pq elas não eram ela.
Ela, com quem, tantas vezes, à parte de todas as gentes, dançou de rosto colado, afagando os cabelos.
Ela, q lhe vinha num vestido vermelho e, em rompante, lhe agraciava com o beijo de lábios quentes, molhados, pulsantes.
Ela, cujo quadril lhe cabia com perfeição, cujas palavras eram desnecessárias...ela, q bailava, em sua frente, na cadência ritmada de um coração q espera, espera.
Ela, q cobria o rosto, com seus cachos dourados e q, na curva dos mesmos cachos, fazia um véu, criava a distância.
Ele era um sujeito calado, de poucas palavras e rios de sonhos...sonhava dourado, um rio de leito loiro, de curvas sinuosas, de um caminho q não lhe pertencia, mas onde, um dia, poderia se banhar...


sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

entre piupiu e perereca...

Arthur entrou numa fase rebelde sem causa q, segundo as pedagogas da escola, é normal e vai passar...

Para se ter uma ideia, de vez em qdo, a pirraça é tamanha q a gente fala um bom dia e ele retruca: fala bom dia comigo não. Tô bavo. Outra vez, ele estava com birra se sabe lá de q e Leo sentado ao sofá...ele cismou, deitou no chão, esbravejando q o pai não podia sentar não...qdo faz cocô, agora, não quer q o limpemos: não limpa meu bumbum não, não limpa meu bumbum não!!! E é muito estranho ver lágrimas tão gordas e, aparentemente, sofridas, caírem naquele rosto lindo, por motivos, para mim, tão insignificantes.

A professora diz q tudo na perspectiva dele tem dimensão maior do q na nossa, de adulto. E q tenho q começar a deixar muito bem determinadas a minha e a individualidade dele...por exemplo, se ele quiser ver a minha dondoca - como tem querido, por óbvia curiosidade -, eu devo dizer: não, Arthur, essa é a vagina da mamãe. Vc não pode tocar nela pq não lhe pertence...(hã???). E, qdo ele faz do piupiu um elástico, ministrando a coisa para lá e para cá, se deve dizer: Arthur, este é o seu pênis e não é para ser puxado. Vc urina com ele...

Eu fico um tanto confusa...dizer de pênis e vaginas a uma criança q, na mesma etapa, não quer limpar o bumbum, em tempo: sujo de fezes, me parece estranho...individualidade não é palavra gde demais? Complexa demais? Segundo quem me orienta, não...deve haver um compartimento de lúdico e realidade cognitiva na cabecinha dele q o faz entender e discernir as coisas...

Na minha, não há...eu nunca disse: Leo, não toque em  minha vagina, pq ela não lhe pertence...dondoca é tão mais bonitinho e refinado! Até mesmo, a boa e velha perereca nos serve, vez em qdo! Do mesmo modo, eu não digo pênis...pinto tbm acho muito vulgar...piupiu sempre foi o meu eleito!

Talvez, não tenha crescido direito...ou minha mãe não tenha aplicado de forma assertiva e eficiente essas teorias da individualidade...fato é q piupiu ou pênis, perereca ou vagina, quero é q meu filho cresça saudável de corpo e mente...sem forçar nada, sem tentar me tornar o estereótipo da mãe moderna, perfeita e antenada...afinal, se meu filho conhece cachorro por auau, vaca por mu, mamadeira por dedeila...qual o problema com nomes bonitinhos para a genitália? Com o tempo - não quero nem pensar - ele mesmo se encarrega de destituir tudo do romantismo e enxovalhar a coisa...é assim com a maioria dos meninos, acho.

É...eu não serviria para pedagoga...




quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

e se foi...

E, se foi o acaso a me trazer vc, por favor, diga a ele um sincero obrigado...diga q das delícias q já provei, vc se compara ao Éden e q vai ficando, nesta brincadeira sem plano, sem compromisso, q vai ficando do meu lado...

E, se foi mandinga, agradeça ao santo, q encaminhou pedaço de mau caminho pra um caminho q estava muito do sem graça. Enrole o turbante, se vista de branco e ofereça a ele um trago da cachaça.

Se foi amor, releve...mas, não tô pra isso agora não. Queria mais é ser breve e evitar a discussão: amor é coisa q já me fez doer. E não quero nada q me traga dor. Melhor deixar o amor de lado e continuar de mimo e escracho, a todo vapor...

Se foi a natureza, q beleza! ela sabe do q é bom...então, deixemos de pergunta, vem, agora, se apressa, é festa, debaixo desse edredom!

Busca

Eu pretendia dizer do cansaço, das frustrações, de me ver nua, em meio à multidão, no único desejo de q me notasse, de q me quisesse e me fizesse sua, em silêncio, em palavras errantes, no sangue corrente, na raiva dormente...


Eu queria era falar q um dia isso vai acabar, q o amor tbm se cansa de esperar, q quem se ausenta demais acaba por não fazer tanta falta...mas, ao invés disso, só posso dizer do meu medo.


Esse q me acompanha e dorme ao lado, esse q se alojou no q era para ser seu...esse q me mostra q vc é mais meu no distante, q delimita a extensão da saudade e faz pungente a presença do ausente...


O q mais me assola e assusta é a necessidade renitente de vc. Não do corpo. Não do toque. Mas da alma q a minha conhece e entende, à menor emissão de um pulsar mais viril, de um tremor mais temente.


O q me assola e assusta é ser assim tão sua, sem querer fugir, sem querer escapar, sem alçar novos vôos...pois vc é meu abismo, é onde quero planar, onde quero pular.


O q me assola e assusta é, cada vez mais, me inserir no seu eu, buscando gravar, na minha pele, o desenho seu...