terça-feira, 23 de agosto de 2011

VIDA

Eu sou casada, mãe, filha, mulher.
Eu sou medrosa, segura, alegre, choro muito...sou vaidosa, sou professora, sou amada, amo muito. Sobretudo, amo a vida.
Talvez, reafirmando o q muitos dizem, tenho dado muito valor à minha existência, em razão da possibilidade - ainda q remota - de perdê-la.
Há algumas semanas, descobri dois nódulos em uma mama. Não tenho 30 anos ainda, nem o costume do auto-exame, mas, divinamente, fui conduzida a descobrir aqueles caroços por mim mesma. Os médicos insistiam q não era nada, talvez, uma calcificação, por eu ter amamentado pouco tempo, mas, decidimos realizar a cirurgia, para q eu pudesse seguir adiante sem neuroses, coisa e tal.
Ao final da cirurgia, tive a notícia de q os tais nódulos geminados eram, sim, um tumor, q seria levado para análise posterior.
TUMOR. Palavra pequena, q assumiu proporções nefastas e grandiosas. Tão nefastas qto seriam as consequências do eventual resultado maligno do exame.
Os dias se arrastaram preguiçosos, quase q zombando da aflição. Eu não sabia de onde brotava tanta lágrima, de onde vinha tanta lembrança, tanta vontade de fazer o q eu nunca soube q havia vontade. Não imaginava como surgiam tantos braços prontos pra um abraço de conforto, de onde emanava tanta palavra de carinho e esperança.
Via os rostos de Leo e Arthur, ouvia minha mãe angustiada ao telefone e pensava: não. Não é só isso. Ainda há mais...há fé.
Finalmente, o resultado do exame chegou e apontou benigno, um fibroadenoma.
Foi um dia feliz, o meu dia feliz. Qdo olhava pro meu filho sorrindo e agradecia a Deus por aquilo, qdo observava meu marido dormindo e queria não dormir, só pra ficar olhando mais um pouquinho. Olhava a minha vida acontecendo e me agarrava a cada pedacinho de caminho q foi trilhado, q ainda está por caminhar e transbordava. De anseio, de desejo do logo, de vontade de ser feliz com urgência, todo dia, todo momento.
Eu sou casada, sou mãe e filha. Mas, antes de tudo, sou viva. Tenho vida. E, apesar de mais pesados q sejam os pesares, "é a vida, é bonita e é bonita."