quinta-feira, 13 de setembro de 2012

a um pedaço distante...

Minha querida,


Vc tem toda a razão. Mudar de gente ou de coisas não é o que faz do final diferente.

Eu olho para dentro e vejo coisas infindas, não findadas, infundadas. Vejo quem já foi, porque teve que ir ou porque quis. Há, tbm, quem passou e fez conquista, fez até colônia do meu íntimo, mas, apenas devastou. Vejo cicatrizes e, agora, poucas feridas abertas. Tenho tentado não colecioná-las e, ao seu menor sinal, estancar de alguma forma. Nem sempre é fácil.

Não finjo mais um sorriso, quando não quero (nisso, vc me ajudou tanto!), mas, chego a suportar muita coisa, por quem amo.

Não quero ser frívola. Quero ter essência.
Cabelos, caem.
Peitos, caem.
A bunda, cai.

Mas, eu não quero decair...nem ser motivo de queda. Quero aceitar. E nem me importa mais tanto ser aceita. Afinal, meu mundo, de O pequeno príncipe, diminuiu em população. Posso ver o sol se levantar e pôr muitas vezes, no mesmo dia, e isso nunca deixa de ser um espetáculo incomparável.

Não sei do outro final.
Esperava, talvez, q vc me contasse, ou apontasse ou assoprasse no ouvido.
Mas, pensando bem, melhor seria procurar um novo meio.

Deus existe. E é muito bom! Não requer muito de nós, senão, q sejamos verdadeiros. Parece fácil, qdo resumido em uma palavra. Mas, é tão difícil qto era, pra mim, correr em volta da quadra da escola, nas aulas de educação física.

Leo é um excelente companheiro de viagem: me faz rir e deixa chorar (acho isso importante. Tem gente com mania de fazer os outros não chorarem, qdo a gente precisa). 

Obrigada por entender o não dito e me fazer pensar no que existe.
Te amo.

Cabelos, caem.
Peitos, caem.
A bunda, cai.
Mas, eu não quero decair.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

retalhos

Eu sempre fui de palavras...algumas vezes, um turbilhão delas, outras, meias palavras e ainda havia qdo, só lá dentro, no meu coração, de criança doída por cenas de adultos, elas se davam as mãos silentes, me fazendo entender que estavam lá.

Das mais antigas lembranças q tenho, há uma tentativa de poema, escrito para minha avó, em ocasião de seu aniversário. Lembro-me verso a verso e, o final levava ao desfecho de que os céus comemoravam, com seus anjos a voar, cantando parabéns, com champanhe e caviar...

Dá uma certa ojeriza dessas palavrinhas bestas...mas, não se pode cobrar o q o outro não tem, já dizia Saint Exupèry. E eu não tinha nada mais a dizer, senão rimas tolas, vindas de um coração q mais transpirava para escrever, do q se inspirava...

Pois bem. Desta mania, ou bênção, ou maldição da escrita, começou aquele burburinho existente em toda família: Bruninha escreve muito bem...meu pai, orgulhoso, ostentava minhas redações, confeccionadas na escola, como troféus a seu espermatozoide, que galgara o caminho até o óvulo da minha mãe.

Eu gostava, sim, daquilo. Era maneira de me sentir notada, querida. E, além de tudo, era forma de expressar o q, no íntimo, não conseguia se desvelar. Era meio de colocar em ordem, a desordem do ser de dentro.

E, assim, fui crescendo, tomando apego, cada vez mais, às palavras, a um vernáculo tão rico e ridicularizado...havia palavras pelas quais me apaixonava e as usava repetidamente e, até onde não as cabia, encontrava-lhes lugar. Elas faziam elo, anelo, q me levava por através daquela janela, sem sair da cadeira. Eu tinha público imenso e dava-lhes vida, no palco iluminado da minha imaginação quixotiana...pronto. Bruninha, agora, seria poetisa...recitaria em saraus e se embriagaria do ópio acadêmico.

Veio a adolescência. Os conflitos iam além, muito além de quimeras, de estima por esta ou aquela palavra. Veio a morte, a distância, o véu, o fel, tão em desuso outrora, tão reais, neste agora. Bruninha iria se tornar advogada, usando de sua ferramenta amiga de todo o sempre, para persuadir, dissuadir.

Bruninha...desprezo, desesperança, trauma, desgosto, desgraça, insegurança...
Bruninha...pânico, busca, desencontro, desconfiança, temor.

De repente, são 30 os anos passados e elas, sem a menor vergonha de não envelhecerem e demonstrarem a mesma vivacidade do ontem, continuam a me seguir...são companheiras devotadas, me ensinam de carcinomas, de fibroadenomas, de trombose, de casamento, maternidade, falsos amigos, verdade q não deve ser dita.

São 30 os anos da Bruninha e, nesse emaranhado de A,E,I,O,Us, uma palavra pequena, simples e eficaz é no que ela, agora, quer se tornar: FELIZ. Pq VIDA acaba muito rápido e ser feliz com o q se tem é o q importa...o resto é palavra jogada ao vento.