domingo, 31 de outubro de 2010

Debaixo dos caracóis dos seus cabelos...

Sempre adiei o dia de cortar o cabelinho do Arthur. Pela mais convicta insegurança. Ele já cresce rápido demais...cortar o cabelo seria como atribuir-lhe uma alforria precoce, votos de uma independência q me contraria e amedronta. Uma bobagem, de fato. Arthur já se aventura nas ruas, escadas, ao redor do fogão, puxando fios e descobrindo tomadas com as coragem e impetuosidade de uma gente grande, gente q prescinde da barra da saia da mamãe...mas, os cachinhos...ah, os cachinhos me garantiam a certeza (débil) de q ele ainda era pequenininho, de q ele não iria crescer tão cedo. Ornando aquele rostinho de anjo, os caracóis despretensiosos me diziam q ele dependia de mim para tudo. E isso me dava uma sensação de utilidade, a crença de ter descoberto a q vim ao mundo!
Mas, os cachinhos me traíram e começaram a alcançar os olhinhos do pequeno. O volume já estava além da conta, tbm. Então, com o coração na mão, como diria minha mãe, peguei a tesoura (demonstrando bravura a mim mesma) e cortei os caracóis...ele, muito inquieto, se remexia inteiro, balançava a cabeça e tentava descobrir o q se passava.
Qdo terminou, o q restou foi o chumaço q guardei...e o sorriso lindo dele, q, em qq idade, vai continuar sendo o meu bebê.

(Bruna Cordeiro de Alencar)

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