quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Minha mãe é bonita.

É difícil falar do q é mais verdadeiro na gente.
É difícil admitir erros e limitações, sobretudo, qdo estes ferem os q mais amamos.
Minha mãe sempre foi uma mulher linda. De personalidade forte, alegre.
Lembro, qdo criança, a observava, recostada à porta, se maquiar. Os olhos verdes, de rio doce, se tornavam ainda mais vibrantes, o rosto aveludado assumia um rosado de flor. Linda...a única coisa em q pensava era se, um dia, eu tbm seria tão bonita.
Minha mãe é bonita na bravura. Suportou baques e reveses da vida com coragem e simplicidade.
Meu pai teve câncer. Uma doença cruel, fria e nociva não só a quem ela acomete. Toda a família, de fato, ficara debilitada. Inclusive ela. Mas, não sei de onde, retirava forças, a cada manhã, para cuidar, acalmar e amar aquele homem viril, q a doença havia feito um bebê. E, mesmo na sandice q a morfina causava, meu pai reconhecia o mérito daquela mulher companheira, amiga, generosa e forte...não raro, em seus devaneios, ele dizia q a amava, agradecia e, no dia de sua morte, pediu q fossem embora juntos...
Graças a Deus, ela não foi. Minha mãe guerreira ficou para tornar a mim e Diego pessoas de bem. Ela, mãe-pai, se desdobrou, lutou contra as maledicências dos pulhas mesquinhos q nada sabem de amor. Lutou contra adversidade financeira, contra a solidão, do vazio de alguém q havia deixado a vida, mas, não a havia deixado. E venceu.
Sinto muito por todas as vezes em q eu não estive ao lado dela. Sinto muito por todas as ocasiões em q não compreendi sua forma de amar. Eu não era mãe. Não sabia q as entranhas daquela mulher eram preenchidas por amor, zelo e abdicação. Não entendia. E peço perdão.
Mas, hj, eu posso ver. E tento, dia após dia, ser a filha q ela merece. E tento, na frente do espelho, me revestir das tintas da vida, pintando a cara, o comportamento e a alma da beleza da minha mãe...

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