domingo, 5 de dezembro de 2010

Afinal, é Natal.

Engraçado o Natal. Um clima festivo de amor q repousa durante todo o ano e, de repente, em dezembro, desperta. Como um urso hibernado, disposto, agora, a se lambuzar e viver o bom da vida. Natal é uma época de faz-de-conta, onde as pessoas abrem os olhos pro miserê do mundo e se apiedam, tentando se convencer de q são boazinhas e comportadas, para receber um Papai Noel mais gordo. Então, nos lembramos das crianças órfãs q escrevem cartinhas, pedindo um livro, um caderno, lápis e borracha...e, nos munimos dos "presentes", numa certeza claudicante de q fazemos diferença...as cartas, nas entrelinhas, dizem: Papai Noel, se o senhor puder, tira uma casa, com um papai e uma mamãe, do saco e me dá uma vida de amor, por favor. Mas, infelizmente, pouca gente lê entrelinhas. Ainda mais nesta época, em q tantas luzes tornam turvas as vistas! É Natal, ora bolas!
As luzes são outro diferencial do Natal. Um pisca pisca errante, pululando frente aos olhos...coisa q encanta e faz acreditar q tudo está bem. Até os mendigos das calçadas ficam enfeitados com tantas luzes! Lindos...e os muros pichados, então? De uma beleza vangoghiana (se é q existe o termo).
Mas, o carro-chefe do evento não é outro senão os presentes...ah! Quantos! E em embalagens tão lindas, coloridas, q nos fazem até esquecer do "a perder de vista" das prestações em q nos chafurdamos. Ah, é Natal!!
E há ainda as comidas...no Natal, toda gula é permitida, todo excesso é razoável...afinal, é a celebração da fartura, e, claro, tbm, da algazarra desvairada. Há sempre aquele q perde a compostura, por beber demais e esparrama anedotas inconvenientes, antes de cair flácido, no meio da sala. Mas, é assim mesmo. Afinal, é Natal.

Há algum tempo, li um livro q dizia de uma história diferente. Um Natal muito menos sedutor, de um certo menino, rosto divino em homem, rosto humano de Deus, como na canção. Não vinha cercado por luzes, piscando em neon. Não trazia presentes em embrulhos vistosos. Não havia um banquete para recebê-lo e nem estavam embriagados, para suportar a festa. Não. O menino trazia a salvação. O menino carregava a oportunidade de um recomeço, na verdadeira luz. Sem fazer crediário, à vista ou a prazo...sem cobrar pagamento. E nem fidelidade. O menino era tão diferente q, mesmo se fôssemos infiéis, ele era fiel.
O problema com esse menino é q ele disseminava o amor o ano todo...não só em dezembro. Ele estendia a mão e acolhia as tais crianças remediadas com caderninhos e lhes era pai. Ele se aproximava do mendigo, sentia seu mal-cheiro e enxergava as feridas, a despeito das luzes insistentes, e o curava, e o amava. Ele se oferecia de ceia, e se fazia cordeiro q fartava e saciava, para sempre.

A história é até legal...mas, o menininho é muito esquisito...não combina não. Afinal, é Natal.

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