segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Abandono

Fazia que não via a dor que gritava, ao seu lado, separada por uma parede besta, um orgulho denso. Descaso que escorria amargo da boca de onde já brotou doçura.

Fazia que não enxergava a mão estendida, carregando um coração, que ainda pulsava, batendo o seu nome, em seu nome...ainda quente, ainda vivo. E a metade apartada, decepada de uma história, outrora, escrita a dois, se derramava em pedidos, em gritos sôfregos, na tentativa de que o enredo ainda a coubesse.

Não. Os bilhetes de um amor para sempre já não faziam mais sentido. As canções, que eram deles, há muito desentoaram, foram ficando irritantes e sofríveis, assim como o desalinho das almas. O que era saudade, para um, para o outro se chamava liberdade e ele a desejava mais que tudo, ao custo mais alto que fosse. Apenas queria deixar para trás aquele excerto, incerto, colocando o ponto final, com força, rumando a um parágrafo novo, com outra personagem nos braços.

Fazia que não via vida indo, vã, vadia, vazia. Sem promessa, sem destino. Autômata, desolada, destroçada. Ruínas deixadas pelo caminho, que levava à escuridão típica do que antecede abismos. Pronta para pular, sem intenção e nem desejo de plainar. Apenas vontade de que a quimera tbm se quebrasse no ar, na queda, no credo estúpido de que amor valia a pena.

Fez...se desfez.

Nenhum comentário:

Postar um comentário