quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Ciranda

Se pudesse capturar, com minhas mãos admiradas, a ternura de cada rodopio que ela faz, guardaria o mundo encantado de borboletas e girassóis que ornam cabelos...poderia sentir o melhor dos olores, simplesmente sorvendo o que vem da vibração frenética de movimentos que assolam e resgatam, apunhalam  e ressuscitam.

Linda bailarina. A lástima e a doçura de ser. Pés firmes, alma trêmula. Sorriso, porta ornada, de algo que chora e, tão visceral quanto a necessidade do rodar autômato, grita, implora para que seja aberta a porta da gaiola da (in) consequência e, finalmente, haja redenção.

Movimentos certeiros de braços frouxos, cansados do fardo, do peso implacável de rótulos e estigmas, feridas não aparentes, tão latentes.

Roda, bailarina...e, q em cada volta, haja mais perdão de si mesma. Haja menos falta do ontem. Haja mais coragem pro amanhã. Roda, bailarina...e que sua pirueta sejam açoites à vida q calejou não apenas seus pés, sejam chicotes tardios da dor que há muito dói...

Roda, bailarina. No mesmo eixo, na mesma cadência, com saltos elegantes, com postura ereta, com o espírito alcançado pelo silêncio do medo, pelo castigo da raiva. Roda, bailarina...e, em algum momento, solte suas madeixas, deixa as má deixas e faça vc o seu solo, sem solidão, sem sombras que assombram, com anseio do novo, sem necessidade do aplauso, querendo o seu gozo, vivendo o seu riso. Vivendo o seu todo.



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